O clássico de estratégia do general e filósofo Sun Tzu “A arte da guerra” (Jardim dos livros; 130 páginas; Tradução de André Bueno; 20 reais) é o maior e mais difundido tratado militar de todos os tempos. Suas ideias foram utilizadas por militares, políticos e empresários por todo o mundo, definindo o rumo de empreendimentos e nações. A arte da guerra contém a essência da sabedoria chinesa e através de frases e parágrafos curtos traz um universo de aprendizado e subjetividade.
Sun Tzu é incontestavelmente o mais importante autor militar de todos os tempos. Sua escrita é simples, minimalista e curta, mas nela encontramos a essência do pensamento estratégico. Essas ideias navegaram ao longo dos séculos e ainda hoje são atuais e precisas. Ele foi capaz de decifrar fatores fundamentais de liderança, psicologia humana e tomada de decisão. Através de um pensamento essencialmente pragmático, Sun Tzu estabelece leis, regras de conduta claras e objetivas para se alcançar a vitória.
Obra seminal, A arte da guerra, empreende uma missão importante no pensamento militar. Por ela Sun Tzu educa o tomador de decisão, afinal, o conflito é caro, complexo e exige inteligência. A vitória e a derrota custam infindáveis recursos, somente através da reflexão, planejamento e ação ajustada esse custo pode ser mitigado. Ele mostra que a vitória ou derrota não está ligada a valores morais e sim ao aproveitamento de oportunidades e manipulação do teatro de guerra.
Sun Tzu além de general era um grande pensador. Homem culto, percebemos nesse manuscrito domínio de diferentes escolas de pensamento, linhas filosóficas como confucionismo, taoísmo e legismo. Com grande versatilidade, notamos o pensamento maduro e autônomo no mix que faz com essas diferentes ideias, reinterpretando e articulando novas questões.
O título original é Sunzi BingFa, sendo a tradução mais adequada para o título da obra A lei de guerra de Sunzi, sendo Bing, guerra e Fa, lei. Existe muita controvérsia em torno da data da obra, mas acredita-se que teria sido escrita aproximadamente entre 481-22 a.C. no período dos Estados Combatentes, quando a dinastia Zhou estava caindo e reinos poderosos empreendiam uma luta mortal para assumir o poder absoluto da China.
Originalmente escrito em tiras de bambu, contendo cada tira entre 15 e 20 ideogramas, o manuscrito desenvolve-se em 13 capítulos cobrindo todo o teatro de guerra: terreno, manobras, ataque, manipulação, etc. O livro é repleto de ideias profundas e muito poderosas, compartilho algumas favoritas:
“A habilidade suprema não consiste em ganhar cem batalhas, mas sim em vencer o inimigo sem combater”
“Conheça a si mesmo e ao inimigo e, em cem batalhas, você nunca correrá perigo”
“Por essas razões, o general sábio pondera, pesa o que há de favorável, de desfavorável, e decide o que é mais acertado. Ao levar em conta o que é favorável, torna o plano executável; ao levar em conta o que é desfavorável, soluciona as dificuldades”
“O bom general cuida dos seus como crianças, e estes o seguem até o mais profundo dos vales. Trata os soldados como filhos, e estes morrerão ao seu lado”
Sun Tzu provoca no pensamento militar a visão da guerra tanto como arte quanto como ciência. Sendo arte a capacidade criativa de articular informações e recursos para trazer soluções inovadoras, e a ciência para trazer um pensamento sistemático, através de estatísticas, planejamento e análises metódicas do cenário de guerra. O manuscrito mostra o tempo todo a importância da informação de qualidade e da consciência de suas forças e fraquezas.
Por que ler? Para tomar consciência e visão do mundo adulto. Onde as dinâmicas de poder, politicagem e influência fluem de um lado para o outro, determinando o rumo das coisas. Uma obra para se ler em diferentes fases da vida, pois a cada leitura serão novos aprendizados.
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