Em “O mito do empreendedor” Michael Gerber discorre sobre a importância de uma visão total do negócio. Sem conhecimento de metodologias, sistemas ou técnicas, ficamos vulneráveis, o que por vezes nos leva a focar em um único aspecto do negócio, negligenciando vários outros. O livro é uma peça importantíssima no repertório de qualquer empreendedor que quer construir um negócio sólido para o futuro.
O mito do empreendedor é a crença que o trabalho em si resolve todas as coisas. É a visão que a execução técnica, o trabalho extremamente árduo, será a chave do sucesso. Muitos empreendedores iniciam suas empresas com uma visão. Contudo os desafios do dia a dia os levam a focar em um único aspecto do negócio. Todas as empresas são abertas por pessoas que têm uma ideia e sabem muito bem daquele assunto. Um programador que abre uma empresa de software, uma cozinheira que abre um restaurante, todos esses casos, são de empresas com um aspecto muito forte, o empreendedor é um técnico. Ele domina a prática e se torna essencial para a rotina diária do negócio. Quase todos negócios iniciantes passam por esse problema. O negócio precisa crescer, mas o empreendedor não confia em delegar suas funções pois não quer comprometer a entrega. Segundo o autor uma empresa só supera esse problema quando 3 características fortes direcionam o negócio: visão (empreendedor), execução (técnico) e organização (administrador). Todo negócio sem esses pilares alinhados, estão vulneráveis e possivelmente vão fracassar. Quando enxergamos o todo é fácil entender porquê um negócio fracassa. Sem um técnico o negócio pode ter visão e organização, mas não tem entrega. Com um técnico a empresa tem entrega, mas sem organização e visão de futuro ela não evolui, passa ano, entra ano, e a empresa continua estagnada. A harmonia entre os diferentes pilares, ditam a saúde e prosperidade da empresa.
O autor sugere a prática reflexiva e o uso de métodos e sistemas para a manutenção da empresa. Esse conceito é a pedra fundamental do livro “O mito do empreendedor” e é um valioso ensinamento. O conceito é denominado pelo autor de revolução turn-key.
Afirma o autor que qualquer empresa deveria funcionar sem o dono e mesmo sem ele a empresa deveria continuar crescendo. Todavia, isso só se torna possível em empresas organizadas e com processos sistemáticos. O melhor exemplo que podemos usar, citado inclusive pelo autor, é o sucesso das franquias Mcdonald’s. Não importa o lugar onde elas são abertas, elas sempre têm a mesma cor, estrutura, cardápio, softwares, uniformes, regras de conduta e horários de atendimento. A rede não depende do seu fundador para funcionar, ela depende de um universo de métodos, que direcionam o novo franqueado rumo ao controle de sua empresa. Quando você adquire uma franquia dessa, recebe um treinamento, conhece os sistemas e entende as dinâmicas do negócio. Dinâmicas como: fritar uma batata, pegar um refrigerante, chamar um cliente na fila, servir, fechar o lanche, separar para viagem e por aí vai. Se cada franquia dependesse de suas próprias regras, muitos estabelecimentos não iriam pra frente. Logo, uma franquia é algo testado, validado anteriormente e inteiramente documentado. Quando isso existe, o dono técnico já não se fez necessário. Ele transmitiu sua visão através de processos e agora qualquer funcionário treinado pode realizar as tarefas mais importantes. Esse processo é denominado Turn-Key (virar a chave), a empresa passa ser como um carro, uma vez idealizado e montado, basta girar a chave e começar a usar.
Fica claro que essa característica é a mais importante em uma empresa madura, são seus processos que conferem consistência ao negócio. Isso libera o empreendedor a otimizar o negócio, criar novas ideias e implementá-las, tudo isso com uma visão de franquia.
O autor nos convida a se perguntar: Como posso criar um negócio tão bem organizado e amarrado que ele poderia ser replicado em todos os estados do país, ou países do mundo?.
Quando uma empresa atinge esse nível de dinamismo e autonomia, ela não só alcançou a maturidade, como também está na pista expressa do crescimento.
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